quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Algum tipo de metáfora

Imagine dois caminhos: um caminho chamado Vida Boa e o outro chamado Vida Ruim. Logo na entrada existem duas placas, uma em cada caminho, com instruções sobre o percurso. Durante a Vida Boa tudo é muito bom, tudo é muito fácil. As coisas vêm fácil e permanecem, os amores têm rótulo e não existem contraindicações, não é preciso sofrer por nada. Só existe alegria barata e sorrisos estampados. No fim, sem grandes esforços, você morre. Simplesmente morre.
Qualquer um poderia pensar que passar por um caminho chamado Vida Ruim seria uma perda de tempo, uma atitude tola. Até que alguém percorreu a estrada. Foi tudo muito difícil e complexo - ao contrário da Vida Boa. O sujeito não tinha dado nem cinco passos e caiu. Levantou-se, caminhou mais um pouco e caiu outra vez. Com as quedas aprendeu a desviar dos buracos da Vida Ruim, aprendeu que andar na mesma direção o tempo todo é pedir pra se machucar. 
Ao decorrer da estrada, encontrou outras pessoas que também escolheram a Vida Ruim. E outras e outras. Continuaram a caminhada juntos. Ninguém mais precisou cair ou tomar decisões sozinhos, agora tinham uns aos outros. Passaram a se chamar de amigos. 
Uns se tornaram mais que isso e passaram a ser chamados de amores. E assim prosseguiram. Conquistaram lembranças, sonharam e realizaram seus sonhos, constituíram família, educaram bons filhos. As coisas ainda são difíceis; cada dia é como uma batalha pela vida. Finalmente, cada um tinha sua vasta coleção de batalhas vencidas, conquistas, coisas pelas quais seriam lembrados. Morreram todos. Mas acho que a palavra não se encaixa, diria que todos só deixaram de percorrer a Vida Ruim. Afinal, desvendaram o sentido de entrar em um lugar onde tudo é mais difícil, onde até o próprio nome espantaria qualquer um que tentasse. Deram o primeiro passo confiantes de si. Terminaram como guerreiros, como sobreviventes, fortes e felizes.